quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Não mato porque não quero perder

Um manuscrito de Clarice Lispector, da década de 70 presente no livro de Nadia Gotlib, "Clarice: Uma Vida que se Conta", página 46:

"Não mato porque não quero perder
minha vida mas também
porque quero me banhar
na retida vontade de matar retida, sim, e por isso mesmo
mais violenta - sou obrigada a ter como
só meu o gesto supremo de
querer matar e, gosto de
viver sob a extrema tensão de
arco-e-flecha retesada. E
que não disparou - Mas disparou para dentro
E então - êxtase"

Clarice Lispector

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GOTLIB, N. B.; Clarice: Uma Vida que se Conta; 5ª ed, 1995, editora Ática, n° cham: 928.69 L69g